EPICENTRO: MILAGRE
Exposição
27 set 2020 - 21 fev 2021EXPOSIÇÃO
Epicentro: Milagre
27 set 2020 – 21 fev 2021
ARTISTAS | berru, Francisco Lacerda, João Ferreira, Tito Mouraz, Vincent Moon & Priscilla Telmon
CURADORES | António Pedro Lopes, Joaquim Durães, Luís Banrezes, Márcio Laranjeira
SINOPSE
Nos Açores, numa época em que a terra treme todos os dias, diz-se iminente o surgimento de uma nova ilha. O milagre de um novo território potencia um novo futuro, ainda que a transformação do planeta pelas mãos do homem, nos empurre para a submersão da terra, o fim do mundo e o absoluto desconhecido. Vive-se dentro de uma beleza sem contenção, um paraíso vulcânico erguido pelo avassalador poder da natureza, mágico e inesperado.
A natureza, as pessoas, as tradições e a história ligam-se numa fascinante geografia de jogos de força. Tremores de terra e vulcões, mar que não falha mas não perdoa, ventos, chuvas e brumas que aparecem como ameaças de transformação de um mundo seguro e reconhecível. Teme-se a morte da terra e a sua irreversibilidade, e nisso, define-se uma natureza identitária que luta com a força das mãos contra a instabilidade, a insegurança e as incertezas da vida e dos elementos.
Rituais seculares juntam comunidades em torno de práticas de fé e crença para resistir às adversidades e ao desconhecido da Natureza. Homens e mulheres iniciam-se em promessas, cultos, ritos, elogios e rezas a deuses e lugares. Fazem-no como forma de explicar o mundo, forma de interpretar os sinais do alto, forma de aguentar os sinais dos tempos.
Procissões, impérios, peregrinações, danças, cantos, a adoração a imagens encontradas no mar – tradições de imersão e culto, redenção e protecção, medo e castigo.
Epicentro: Milagre não cabe nos limites do que conhecemos das leis naturais, deslizando, por isso, para a fé, a crença, o delírio, a imaginação sobre a criação e destruição da natureza e da cultura, o espantoso divino, tremor, terror e “seja o que deus quiser”. A exposição olha a forma como a especificidade da ilha molda uma identidade cultural, a açorianidade à imagem de Vitorino Nemésio, apresentando artistas cujas obras e pesquisas incorporam o documental, o ficcional, a fantasmagoria ou o convite à imersão.
Artistas que trabalham o som, a fotografia, o cinema e a instalação como disparadores do processo criativo e que foram desafiados para residências artísticas, experimentação e investigação, produção de pensamento e performance, para criar uma pluralidade de perspectivas sobre este território natural e cultural.
São olhares de dentro e de fora, os que agora tomam de ataque o ARQUIPÉLAGO, como epicentro expositivo. Exploram as suas dimensões de criação e apresentação artística, contribuindo para a reflexão e confusão sobre o que achamos que sabemos da ilha onde temos pés e criam um conjunto incompleto de milagres dos Açores que renova e expande um acervo de arte contemporânea.
Curadores
António Pedro Lopes, Joaquim Durães, Luís Banrezes, Márcio Laranjeira
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BIOGRAFIAS ARTISTAS
BERRU
berru é um coletivo de artistas do Porto formados nas áreas de Belas Artes, Multimédia, Cinema e Engenharia, dedicado à criação artística.
O seu trabalho/obra reflete sobre a relação íntima do ser humano com a máquina, uma relação que se debruça cada vez mais sobre questões filosóficas, antropológicas, políticas, sociais e éticas.
Este coletivo de artistas interessou-se recentemente por sistemas complexos e biológicos onde se inspira na relação do ser humano com o mundo para pensar, debater e criar.
O percurso do coletivo berru habilita-o a desenvolver trabalhos que envolvam vários ramos da criação artística. Ao aliar tecnologia, arte, ciência e filosofia, o coletivo tem uma perspetiva abrangente que lhe possibilita explorar discursos com diferentes ferramentas e materiais.
JOÃO FERREIRA
João Ferreira nasceu em Leiria (1976), onde reside e trabalha.
A fotografia acompanha-o num percurso paralelo a todas as suas outras atividades, desde a década de noventa. Desde 2012 os temas dos seus trabalhos são dedicados à fotografia documental, focando a identidade e cultura das comunidades.
1.3 Billion é apresentado em 2014 no m|i|mo Museu da Imagem em Movimento em Leiria, como um retrato de uma China contemporânea, percorrendo o país em diversas exposições a solo, incluindo os Açores e no exterior na Corunha, no festival Outono Fotográfico.
Em 2016, o ensaio Arquipélago, desenvolvido em duas ilhas de Cabo Verde, foi selecionado pela agência Magnum e pela Canon para a leitura de portfólios no Visa Pour l’Image em Perpignan, foi finalista do Prémio Revelação, dos Encontros da Imagem, Braga e recebeu uma menção honrosa nos Prémios Internacionais de Fotografia de Tóquio – TIFA, Japão. Em 2017, foi vencedor do Prémio Internacional de Fotojornalismo Estação Imagem, na categoria vida quotidiana.
Em 2018, apresentou O Paraíso Segundo José Maria, em Leiria, e posteriormente em Lisboa. Em 2019, foi apresentado no Porto, Pombal e Óbidos, sendo ainda selecionado para as projeções do Prémio Revelação, dos Encontros da Imagem, Braga.
Expõe regularmente desde 2012, estando o seu trabalho representado em coleções institucionais e privadas.
TITO MOURAZ
Tito Mouraz, 1977, Portugal.
Finalizou o curso de Artes Visuais e Fotografia na Escola Superior Artística do Porto, em 2010, sendo esta a cidade onde vive e trabalha atualmente. Expõe regularmente desde 2009 em Portugal e no estrangeiro, sendo de destacar as exposições no Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa (Portugal); The Finnish Museum of Photography (Helsínquia); Format – Festival Internacional de Fotografia, Derby (UK); Galeria Blanca Berlín, Madrid (Espanha); Tampere Art Museum (Finlândia); Museu da Imagem, Braga (Portugal); Fotofestiwal Lodz (Polónia); Festival Circulation(s), Paris (França); Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa); Galeria Voies Off, Arles (França) e Encontros da Imagem, Braga (Portugal).
Em 2013, foi vencedor do Prémio Internacional de Fotografia Emergentes DST e da Leitura de Portfólios Carpe Diem Arte e Pesquisa.
Em Portugal, é representado pelo Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa.
Está presente em algumas coleções particulares, fazendo também parte da coleção BESart.
FRANCISCO LACERDA
Francisco Lacerda é um realizador/argumentista Luso-Americano que cresceu em São Miguel nos Açores, e reside atualmente em Helsínquia, na Finlândia. É um dos criadores das curtas-metragens Dentes e Garras! e Dentes e Garras 2 ambas nomeadas para um Prémio Méliès D’Argent no Festival de Cinema de Terror de Lisboa – MOTELX, tendo sido consequentemente adquiridas pela Troma Entertainment para distribuição.
Em 2017, Francisco coescreveu e corealizou com Francisco Lopes a curta-metragem Freelancer, que se revelou um sucesso junto do público internacional e ganhou o prémio de Melhor Curta-metragem no festival Horrorvision, em Espanha.
Durante a décima segunda edição do festival MOTELX, foi cunhado o termo “Azoresploitation” para descrever os trabalhos cinematográficos de Francisco Lacerda como um subgénero único de cinema exploitation/splatter Português feito unicamente no arquipélago dos Açores e por artistas Açorianos.
É licenciado em Som e Imagem, tendo completado o curso na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, e é um grande fã de filmes de splatter e de filmes de gore italianos dos anos 80.
Karaoke Night é o seu mais recente trabalho cinematográfico, tendo iniciado a sua carreira de festivais de cinema com a sua estreia mundial no festival de cinema Frightening Ass, e estreado em território Norte-Americano na edição 2020 do prestigiado Festival de Slamdance.
VINCENT MOON & PRISCILLA TELMON
Priscilla Telmon & Vincent Moon são um duo colaborativo e multidisciplinar de artistas que trabalham como cineastas independentes e exploradores de som. Juntos produzem filmes experimentais etnográficos e gravações de música, direção criativa e curadoria, com base em material recolhido durante as suas inúmeras viagens.
Vincent Moon é um cineasta independente e explorador de som de Paris. Desde 2009, Vincent Moon viaja pelo mundo realizando filmes experimentais etnográficos, gravando música tradicional e sagrada, filmando rituais religiosos e xamânicos através da produtora Petites Planètes. O seu trabalho explora agora estados transcendentes com o uso de imagens e sons, bem como os aspetos ritualísticos das sociedades e comunidades. Moon ganhou proeminência nos anos 2000 como diretor principal da série Take Away Shows da produtora La Blogothèque. Este projeto online de gravação de músicos e bandas a atuar em locais inesperados levou Moon a ser apelidado de “re-inventor do videoclipe” pelo New York Times. Ao longo da sua carreira, esteve fortemente ligado a músicos de todo o tipo de origens e percursos de vida. Moon documentou tudo desde concertos de rock em estádios a músicas a capella das aldeias, de experimentações em eletrónica a rituais de trance. Ele tem todo o seu trabalho – filmes e gravações sonoras – acessível a todos na internet, sob licenças open source. www.vincentmoon.com
Priscilla Telmon é artista visual, cineasta, fotógrafa e escritora. É membro da Sociedade de Exploradores Franceses (“Société des Explorateurs Français”), desde 1999, dedicou-se a longas viagens conciliando história e aventura, prestando homenagem à tradição de sabedoria e mistério das culturas que visitou. A sua paixão pela exploração de culturas antigas levou Telmon a escrever livros e artigos, a realizar filmes e documentários e a colaborar com canais de TV e museus. Priscilla conduziu expedições sobre os últimos nómadas, rituais sagrados e xamanismo. Publicou “La Chevauchée des Steppes”, e “Carnets de Steppes” (Ed. Robert Laffont), sobre a sua aventura de 6 meses a cavalo do Cazaquistão ao Mar de Aral. Priscilla Telmon também publicou “Himalayas” (Ed. Actes Sud) e realizou a longa-metragem “Voyage au Tibet Interdit” (MK2) sobre a sua última expedição, sozinha, a pé pelos Himalaias durante 7 meses, seguindo as pisadas da exploradora francesa Alexandra David Neel. www.priscillatelmon.com
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BIOGRAFIAS CURADORES
ANTÓNIO PEDRO LOPES
António Pedro Lopes (Ponta Delgada, 1981). É codirector artístico do Tremor, um festival de música e arte que decorre na ilha de São Miguel, Açores, desde 2014, numa criação conjunta com a Yuzin e a Lovers & Lollypops. Em 2019, cofunda e assina a curadoria de FABRIC – um festival de artes, na cidade de Fall River, Estados Unidos.
Como artista de dança e teatro, apresentou-se em todo o país, Europa, Ásia, Austrália e Américas em espetáculos, residências artísticas e workshops, tendo colaborado, entre muitos outros artistas, com Jérôme Bel, João Fiadeiro, Marco Berrettini e Gustavo Ciríaco.
Como curador e agitador cultural, dirigiu festivais e eventos artísticos em Portugal e na Europa, nos contextos da dança contemporânea, artes performativas e música, sempre movido pelo afeto, a construção de uma comunidade, a colaboração, a possibilidade de experimentação e a criação de espaço para o outro. Os seus projetos foram acolhidos por instituições como o Teatro Nacional São João, Culturgest, Teatro Pradillo, Theatre de La Cité Internationale, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, entre muitos outros.
Trabalha com a artista e colecionadora Raquel André na tetralogia “Colecção de Pessoas”, assinando a cocriação, direção artística e a comunicação de todos os projetos e as suas transformações em livros, espetáculos, exposições, workshops e conferências, bem como a sua apresentação e circulação em todo o mundo.
É consultor de comunicação e direção artística para artistas, festivais e associações culturais. É licenciado em Teatro pela Universidade de Évora e diplomado em coreografia pelo Fórum Dança.
JOAQUIM DURÃES
Com mais de uma década de experiência no panorama musical aos níveis nacional e internacional, é um melómano que conhece intimamente o que está por trás da indústria da música, trabalhando diariamente os papéis de diretor artístico, manager, agente, produtor e programador. Em 2005, depois de participar no circuito independente de Barcelona, regressou a Portugal com o objetivo de emular o que vivenciou na capital catalã. Assim nasceu a Lovers & Lollypops, projeto editorial multifacetado que ocupa lugar destaque no panorama musical português pela sua abrangência artística e pela sua incessante procura de novas ideias e linguagens. Como codirector da Lovers & Lollypops destaca-se a atividade editorial desta com mais de cem discos editados e os festivais Milhões de Festa e Tremor, ambos referências incontornáveis na atividade independente nacional.
LUÍS BANREZES
Nasceu em Macedo de Cavaleiros. Depois de viver e formar-se no Porto, em 2008 partiu para os Açores. Em São Miguel, tem-se revelado um verdadeiro agitador e programador de vários espaços culturais. Em 2010, fundou a Yuzin Agenda Cultural “Portugal”, uma agenda independente, inovadora e gratuita das Ilhas de São Miguel e Santa Maria. Em 2012, a convite da RDP fez parte da equipa fundadora da Antena 3 “Açores”, e durante 2 anos e meio trabalhou como radialista no programa de autor Caravana Beat. Em 2014, parte para o sul de Espanha e lidera o projeto Ibérico Yuzin Agenda Cultural, uma agenda distribuída nas cidades de Palma de Maiorca, Sevilha, Granada, Leon, Ponta Delgada e na ilha de Santa Maria. Em 2015, regressa aos Açores e a convite do Governo Regional dos Açores integra o departamento do Centro Regional de Apoio ao Artesanato para desenvolver projetos de residências artísticas. Atualmente trabalha como consultor, curador, programador e agente cultural. É um dos fundadores do Tremor Festival e diretor dos projetos Ponta Delgada para Curiosos, Santa Maria para Curiosos e La Bamba Record Store.
MÁRCIO LARANJEIRA
Nascido em Barcelos e com um percurso académico que começa em Bragança no IPB, passou pela Chelsea School of Art and Design e agora tem continuidade na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no Mestrado em Estudos Artísticos, Márcio Laranjeira faz parte da Lovers & Lollypops desde 2009, sendo um dos responsáveis pela programação, conceção e gestão dos festivais Milhões de Festa e Tremor, eventos como o 20XXVINTE, e uma série de colaborações com instituições como a Casa da Música, CCB, Galeria Zé dos Bois, Câmara Municipal do Porto, Salão Brazil, entre outras. Além do caminho como programador, é também agente de artistas do catálogo da Lovers & Lollypops, como Killimanjaro, Cave Story ou Duquesa. Paralelamente a esta atividade é desde 2018 professor convidado da Pós-Graduação em Gestão nas Indústrias da Música, sendo responsável pelas unidades curriculares de Gestão de Carreiras Artísticas e Agenciamento e Produção de Eventos.