COMO
CONSTRUIR UMA ILHA – ÚTERUS AZORICA

Exposição

18 jan - 15 mar 2020

EXPOSIÇÃO

Como Construir uma Ilha – Úterus Azorica

no âmbito do concurso Use&Abuse

18 jan 2020 – 15 mar 2020

Inauguração | 18 jan 2020 // 18h00

Curadoria: Bernardo Rodrigues

 

O ARQUIPÉLAGO – Centro de Artes Contemporâneas acolhe a exposição Como Construir uma Ilha – Úterus Azorica, com curadoria de Bernardo Rodrigues, integrada no concurso Use&Abuse, uma iniciativa da PICA – Plataforma de Indústria Criativa dos Açores, que tem como foco reinventar e reimaginar, de forma sustentável os materiais endógenos dos Açores, desde rochas, fibras, solos e madeiras dando-lhes formas e usos que fujam ao óbvio e tragam mais valor ao arquipélago.

 

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Sinopse da exposição

1- Os primeiros povoadores dos Açores trouxeram nos barcos que atravessaram o Atlântico a ideia das casas que habitavam no Alentejo, Flandres, Bretanha. Dispuseram-nas em linhas de casario ao longo da costa viradas à terra, contra os perigos do mar, longos cordões umbilicais na paisagem do sublime e agreste. A natureza como paraíso e entranha. Ancestralidade materna.

2- A evidência de uma aceleração social descontrolada sob a batuta da velocidade dos sentidos cada vez mais difícil de aplacar são os sintomas de um mal-estar contemporâneo, a todos afecta.

O sociólogo alemão Hartmut Rosa propõe em contraponto a Ressonância das coisas concretas como um espectro de reencontro com o mundo, com o tempo, o valor das experiências e durações em refração que recentra e qualifica a vida.

3- Esta exposição – dos vencedores e participantes dos quatro concursos de design organizado pelo LREC com a rocha, madeira, solos e fibras dos Açores – sugere que se apliquem estas ideias  e sabedoria na utilização dos materiais endógenos na construção. Contra simplismos acelerados e desvalorizantes.
Propõe que se perceba uma cadeia de relações e ressonâncias entre os materiais em bruto, sua recolha, como os trabalhar convocando a história e o saber-do-fazer unidos com o conhecimento da ciência, academia e indústria mais avançada, numa dança da inteligência e visão. Alfabeto da sobrevivência e prosperidade.

4- O séc. XX desfiou promessas deixando no entanto o homem algo desterritorializado, sem casa mãe reconhecível nas cidades. A paisagem e os aglomerados Açorianos muito sensíveis a isto são.
No séc. XXI confrontamo-nos com as evidências deste cisma, desequilíbrio, como mesa e cama inclinadas onde comer e dormir é difícil.

5- Como fazer? Como construir uma ilha?
Renovar um olhar ao método milenar da relação entre homem e natureza, talvez. À mestria do uso das forças naturais de integração e ressonância.
Ouvir como canta o mundo, a música dos materiais.

Um Útero Açórico.

 

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Lista de Obras em Exposição

 

Sam Baron

Asentar, 2019

Vencedor Rochas

Banco quadrado

Banco longo 1

Banco longo 2

Chaise longue

Tamborete Redondo

Basalto

 

Sónia Soeiro

Escova de dentes, 2019

Vencedor fibras

Compósito reforçado com fibra de conteira e poliamida (filamentos)

 

Caterina Plenzick

Katrin Krupka

Endógenos, 2019

Vencedor Solos

Pozolana, cal, água e caseína

 

Gonçalo Campos

Garrafeira, 2019

Vencedor Madeiras

Criptoméria

 

Filipa Silva

Picoruto, 2020

Menção Honrosa Rochas

Basalto

 

Ana Rita Campos

Sónia Domingos

Conta-gotas, 2019

Menção Honrosa Fibras

Compósito reforçado com fibra de conteira

Notas biográficas

Bernardo Rodrigues, Ponta Delgada 1972

Mestrado na Universidade Columbia, Nova Iorque 1999. Colaborou com Atelier 15 Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez 96-97. Estágio em Londres, Donald Insall & associates, na recuperação do Castelo de Windsor e Biblioteca Universidade de Cambridge 1995. Curso na Faculdade Arquitectura do Porto 1996. Abriu gabinete no Porto em 2001.

O seu trabalho focado sobre questões da narrativa sensorial é motivo de atenção nacional e internacional, tendo sido convidado para expôr, lecionar e dar conferências. A Casa do voo dos Pássaros, nos Açores foi especial foco da imprensa em entrevistas desde o New York Times, a revistas da especialidade por todo o mundo.

Em 2018 Capela Luz Eterna nomeada prémio Eu Mies, video de obra Capela na Exposição “Building Stories” CCB Lisboa. 2017 Restaurante Sushi no Open House Lisboa. Trabalho na exposição inaugural Casa da Arquitectura Matosinhos. 2016 conferência na Trienal de Lisboa. Integrou pavilhão Português na Trienal de Milão. 2014 tutor convidado no seminário Ibérico Fronteiras. Júri e conferencista em Ekaterinburg, Russia. 2013 integrou pavilhão Português na Bienal de S. Paulo Brasil. Em 2012 e 2011 expôs e deu conferência no Castelo de Praga, 2011 no Museu Oriente de Lisboa, em 2010 Istambul, em 2009 em Londres, em 2008 em Tóquio representou Portugal a convite de Peter Cook e Toyo Ito, em 2007 em Yale, em 2006 em S. Paulo e Lisboa (Experimenta) em 2005 na Triennale de Milão e 2004 na Biennale de Veneza.

Caterina Plenzick & Katrin Krupka

Nascida em Benevento, Itália em 1982, Caterina Plenzick estudou arquitetura e etnologia em Itália e completou o seu Bacharelato em Etnologia em Roma em 2008, e completou o curso de Design de Produto em 2016 em Potsdam, na Alemanha. Caterina trabalhou para Johanna Dehio em Berlim e realizou vários projetos de design de interiores na Alemanha. Como antropóloga e designer a trabalhar entre Portugal e a Alemanha, o seu trabalho atual abrange a investigação experimental de diferentes materiais e conceitos de produtos, assim como o design espacial, com um foco especial na abordagem crítica da sustentabilidade e do significado das práticas de design como interpretação e tradução do património cultural.

Nascida em Hannover, na Alemanha, em 1981, Katrin estudou filologia, história e arquitetura alemã e trabalhou inicialmente como designer de malas independente em Hannover. Durante os seus estudos de design em Potsdam, ganhou experiência no estúdio de Hermann August Weizenegger e na Culture Form. Depois de completar o Mestrado em Artes e Design em 2015, trabalhou para Max Borka em Berlim e para Benjamin Hubert em Londres. Desde 2014, Katrin trabalha de forma independente na área de design e ensino universitário, com um foco especial em novos materiais e processos sustentáveis para o design de produtos. O seu estúdio é baseado em Berlim e ela ensina em diferentes universidades, como a UDK Berlin, Burg Giebichenstein, Berlin International e Bauhaus University Weimar.

Como equipa, Caterina e Katrin projetam materiais, processos e objetos na fronteira entre o artesanato e a indústria. Ao longo da sua prática investigativa, elas exploram as fronteiras entre design e arte para revelar os novos potenciais de materiais e tecnologias em estudos e experiências. Caterina e Katrin desenvolvem materiais e produtos sustentáveis com uma aparência única para reduzir o desperdício, usando novos materiais de base biológica, bem como processos de produção alternativos e de economia de energia para reduzir o impacto ambiental. O seu trabalho colaborativo foi distinguido com vários prémios.

 

Gonçalo Campos

Gonçalo Campos encontra soluções simples e inesperadas, mesmo utilizando materiais e métodos de produção comuns, num processo que parte do objecto e da sua produção. Este processo resulta em objetos distintos e surpreendentes, fruto da imaginação e curiosidade pelo mundo que nos rodeia. Gonçalo colabora com diferentes marcas internacionais desenhando mobiliário, iluminação e como consultor, ajudando a balançar criatividade e pragmatismo.

 

Sam Baron

Nascido em França, Sam Baron completou o curso de Design na Escola de Belas Artes de Saint Etienne e tem uma pós-graduação conferida pela Escola Nacional de Artes Decorativas de Paris. Baron adora reinterpretar os métodos tradicionais de construção, levantando questões sobre a utilidade das produções materiais da atualidade. Cria projetos de produtos, exposições e design de interiores, dando vida a obras cruzadas que misturam arte e design. Ele é designer e consultor independente de empresas internacionais como a Louis Vuitton, La Redoute, Vista Alegre e a marca francesa de bebidas Hennessy. Foi consultor e diretor de design de Fabrica, o centro internacional de pesquisa em comunicação com sede em Itália, durante uma década. Em 2009, Baron recebeu o «Grand Prix de la Creation de la Ville de Paris» na categoria de design e, em 2010, Philippe Starck selecionou-o como um dos dez designers importantes da próxima década. Recentemente, Sam foi premiado o especial PAD paris fair price. Atualmente, Sam Baron vive e trabalha entre Portugal e França, onde participou recentemente no think tank Thinkers&Doers.

 

Sónia Soeiro

Sónia Soeiro nasceu em 1993 no Porto, Portugal.
Em 2008 iniciou os seus estudos em design, tendo ingressado em Design de Produto na Escola Secundária Infante D. Henrique, Porto.

Em 2015, formou-se em Design Industrial pela ESEIG (Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão), actual ESMAD, Instituto Politécnico do Porto. Durante a sua formação, fez parte da primeira edição do Product Develpment Project Course promovido pela Allto Design Factory (Aalto University, Finlândia) e pela Porto Design Factory (Instituto Politécnico do Porto, Portugal).

Colaborou com o gabinete de arquitetura Actual Arquitectos entre 2011 e 2014 e em 2015 juntou-se à equipa do Studio Christian Haas onde é actualmente Designer assistente.

Em paralelo, tem vindo a desenvolver projetos em colaboração com faculdades e empresas de investigação, com particular interesse no aproveitamento de resíduos, onde tem visto o seu trabalho ser reconhecido.

Ana Rita Campos

Ana Rita da Rocha Peixoto Campos, nasceu em Braga em 1976, formou-se em arquitetura na Faculdade de Arquitetura de Lisboa, estagiou em Barcelona e adotou o Faial desde 2001, tendo contribuído para a reconstrução pós-sismo de 98. Integrou, em 2006 (ano em que nasceu o seu filho), a empresa municipal Urbhorta, onde é Diretora do Departamento de Gestão e Urbanismo. efetuou uma especialização em 2011, em Gestão de projetos urbanos e espaço público na Universitat Oberta de Catalunya.

Aprecia desafiar-se, tendo ganho uma bolsa para o Curso Internacional sobre Gestão de Cidades Sustentáveis, que ocorreu em 2015 na República Dominicana, onde representou Portugal num grupo de 21 profissionais de cada um dos países do Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo. Ali desenvolveu um estudo de caso sobre a Ilha do Faial que assentou numa “Proposta de criação de um centro de experimentação e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para zonas insulares de pequena e média dimensão”.

Entre outros projetos, coordenou a equipa que desenvolveu um projeto que combinava a melhoria da mobilidade urbana e sustentabilidade com o património através de percursos temáticos designado “Horta sobre rodas” e disponível em http://turismo.cmhorta.pt/images/Guia_HortaSobreRodas_PT.pdf> e, mais recentemente, o projeto de reconversão e ampliação do Mercado Municipal, sito no “coração” do Centro Histórico da Horta, para a criação de um Centro de Acolhimento Empresarial, com o grande objetivo de promover, dinamizar e desenvolver a inovação e o empreendedorismo empresarial enquanto espaço de acolhimento e promoção de projetos relacionados com os produtos e o património agroalimentar açorianos, com a economia do mar, o turismo, os serviços e a sustentabilidade.

Nos tempos de lazer gosta de pintar a aguarela, manualidades diversas, viajar e tem especial fascínio por bibliotecas.

 

Filipa Silva

Filipa Silva, nascida em 1993 na cidade de Setúbal. Estudou Design na Universidade de Évora e fez mestrado na Faculdade de Belas Artes no Porto. Atualmente trabalha como designer industrial e de produto num atelier em Lisboa. Tem gosto pelas tradições, cultura, artesanato e materiais de Portugal. Gosta de imaginar e criar produtos para espaços interiores, tendo desenvolvido alguns projetos a titulo individual.

 

Sónia Domingos

Sónia Alexandra Ramalho Domingos nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em História/Variante de História da Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL onde se pós-graduou no ramo de Formação Educacional e em 2011 e obteve o grau de Mestre em Património Histórico finalizado com o Projecto de Recuperação Patrimonial e Dinamização Cultural dos Moinhos de Vento da Ilha do Faial, um tema escolhido depois de ter acolhido esta ilha para viver em 2010.

Possui o Curso de Técnica Profissional de Conservação e Restauro de Pintura Antiga sobre Tela e Tábua frequentado entre 2002 e 2003 no Instituto de Artes e Ofícios da Universidade Autónoma de Lisboa e Curso livre de Conservação e Restauro de Porcelanas, Faianças e Vidro na Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva.

Trabalhou na área de revisão de fichas de classificação na Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

Frequentou a formação em Tourism Management at UNESCO World Heritage Sites proposed by Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, published on the platform FUN-MOOC (2018).

Desempenhou de funções de técnica de património e investigadora histórica para elaboração de conteúdos de análise cultural e patrimonial para a empresa Central Studio, Arquitectura/Urbanismo Lda, em vários projectos públicos de reabilitação e reconstrução, como a Escola do Mar no Faial.

Encontra-se a finalizar o Posgrado em Gestión del Patrimonio Cultural Inmaterial, 5CHorte de la Facultad de Ciencias Económicas de la Universidad Nacional de Córdoba, Argentina.

Exerceu funções de técnica de Conservação e Restauro em várias empreitadas, como o Palácio Pombal em Lisboa, Convento do Espinheiro em Évora, Teatro Circo de Braga e em várias igrejas no Faial, entre outros locais. Além disto, dedicou-se a vários trabalhos na mesma área em escultura de madeira e pintura sobre tela e madeira, tendo exercido funções como Conservadora/Restauradora no Antiquário Saguão no Faial.

Exerceu funções de docente do Ensino Básico e Secundário e Profissional, tendo, actualmente, funções de formadora na Escola Profissional da Horta e é também empresária de Alojamento Local na mesma ilha.

Interessa-se por arte, património, reabilitação urbana, agricultura biológica e por soluções que proporcionem um modo de vida mais sustentável e minimizem o impacto ambiental.

Ressonâncias

A Secção Ressonâncias compôe-se por uma ocupação dos 24 silos do Arquipélago Centro de Artes como Tabela Periódicade influências e intuições em torno do trabalho e dos materiais expostos na Exposição central “Como Construir uma Ilha — Úterus Azorica”.
Promove-se um algoritmo de pulsações através de peças, projectos, fotografia, pensamentos e instalações de autores que pela sua diversidade desmultiplicam visões e amplificam possibilidades propondo uma polifonia de ressonâncias do mundo.

 

1—Samuel Beckett—imagem da peça EndGame.
2—Pedro Costa—postal de Vitalina Varela.
3—Peter Sloterdijk—Excerto de Spheres.
4—Hartmut Rosa—Excerto de Resonance.
5—Anne Sexton—Excerto de poema “In Celebration Of My Uterus”.
6—Claudia R. Sampaio—Poema “não entendemos o ressoar desta gente toda no nosso peito” pág. 20 de Ver no Escuro.
7—Valério Romão—excertos pag. 20 e 54 de Cair para Dentro.
8—Alberto Carneiro—filme de Catarina Rosendo, Olga Ramos “Dificilmente o que habita perto da origem abandona o lugar”.
9—Vera Mota—A certain failure, 2017.
10—Ani Schulze—filme Flint House Lizard, 4K video, sound,
15 min, 2019.
11—Pedro Bandeira: Paradise com Luca Martinucci e Filipe Alves (18:25 Empreiteiros digitais).
12- URSA, Alexandre Delmar, Luís Ribeiro da Silva, Margarida Quintâ: “Notes from the Underdog”, Porto, com textos de Yehuda Safran e Joaquim Moreno.
13—Basalto Olivina, pedreira Herdeiros de Agostinho Ferreira Medeiros e fotos Raquel Sá.
14—João Correia Rebelo, arquiteto modernista início séc XX, vários edifícios Ponta Delgada.
15—Paulo Gouveia, arq, imagem museus Pico.
16—Atelier Barão-Hutter, Adega Baía da Arruda – Pico. Filme Secluded Stillness /Afastado de quem fala por Miguel C. Tavares, Tiago Costa. Produced Ana Resende.
17 (duplo)—Amilcar Vasques-Dias. Peça A-MARIS para Sophia (11′ 20”) peça electroacústica para piano + banda sonora. / Joana Nieto Pimentel, Peça Ink with Time.
19 (duplo)—Rafael Carvalho—Viola da Terra, tema Relheiras. / Liliana Lopes—imagem de escultura de 1996 com pedra basalto e lixo.
18—Miolo—Mário Roberto e Vitor Marques, prints de folhagens, jardins.
20—Herbário—Manuel Moniz— Fotos de Carlos Olyveira.
21—Iwan Baan, foto de construções em terra, África.
23 (duplo)—Dafne—André Tavares—“As pernas não servem só para andar”, opúsculo 4. / Pierrot Le Fou , Susana Lourenço Marques, Bruno Figueiredo, P. Bandeira, Dulcineira dos Santos — fascículo “2 ½ Na curva do vento — Manuela dos Campos.
22—Valter Vinagre, fotos S. Miguel 2019, Terceira 2017
24—Maria Rita Pais, Luis Santiago Baptista — Livro e exposição “Viagem ao Invisível” com filmes de Nuno Cera.

Adenda:
video de “Em Creta com o Minotauro”— Jorge de Sena lido por Mozí Neri.

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