TREMOR #5 no Arquipélago
Residências Artísticas | 17 a 25 de marçoConcertos + Vídeo-projeção | 23 de março 10 pm
O festival TREMOR regressa este ano ao Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, que acolhe duas Residências Artísticas (Tír na Gnod e Aisha Devi com Emile Barret) e vários concertos. A 23 de março, o ARQUIPÉLAGO recebe os concertos de Aïsha Devi, PAISIEL, Julius Gabriel e José Valente, estando ainda prevista a exibição da vídeo-projeção de Daniel Blaufuks com Catarina Mourão, em colaboração com a Banda Lira Sete Cidades: “Levantados do Chão”.
TREMOR NO ARQUIPÉLAGO | 23 de março | 22h00
- “Levantados do Chão”, de Daniel Blaufuks + Banda Lira Sete Cidades – projeção do filme em loop | 22h00 – Cave
- Julius Gabriel | 22h00 – Serviço Educativo
- José Valente | 22h30 – Cave I
- Paisiel | 22h50 – Cave II
- Aïsha Devi | 23h20 – Blackbox
- Paisiel + José Valente | 23h40 – Cave II
NOTAS BIOGRÁFICAS
Julius Gabriel
Em “Dream Dream Beam Beam”, primeiro álbum a solo de Julius Gabriel, o saxofonista alemão organiza as suas idiossincráticas influências musicais por forma a criar um mantra fluido de padrões circulares, overtones e erupções de free jazz, que pode ser compreendido como a síntese possível de uma longa tradição jazzística intersetada por imaginativas intrusões de drone e noise.
José Valente
A irreverência, virtuosismo e contemporaneidade da viola d’arco de José Valente definem um percurso artístico elogiado pela crítica e evidenciado pelos inúmeros projectos de caráter diversificado em que o músico se tem envolvido. Dotado de uma linguagem única, o premiado violetista explora os limites do seu instrumento aplicando na sua obra uma intensa e articulada simbiose de estilos musicais, raramente associáveis ao repertório tradicional para a viola d’arco. Num altura em que prepara a edição de um novo disco, o seu espetáculo que apresenta combina o seu reportório anterior com algumas novas explorações.
Paisiel
Paisiel é o enigmático nome do projeto do baterista, percussionista e escultor sonoro João Pais Filipe e do saxofonista alemão Julius Gabriel. Alicerçada numa exploração individual do som e das possibilidades expressivas dos instrumentos, a música deste duo corresponde a um impulso de sistematização de referências sem correspondências nem afinidades óbvias – melodias texturadas e abstratas propulsadas por uma percussão simultaneamente mecânica e existencial que se metamorfoseiam num transe cinético. Músicos heterodoxos e digressivos, movendo-se livremente entre a música experimental, o jazz, o rock e as restantes declinações indecifráveis de novas categorias musicais, João Pais Filipe e Julius Gabriel criam música radiográfica que habita algures numa zona intermédia entre a receção e a emissão de sinal, como uma central telefónica do cosmos.
Aïsha Devi
Não há texto sobre Aïsha Devi que deva começar sem referência à Danse Noire, editora santuário, fundada pela própria, que tem vindo a explorar o espaço abstrato do techno e da música de dança. É sob este selo que Devi tem transmutado a sua herança nepaleso-tibetana em eletrónica que aspira a ser pura meditação. Desde o lançamento de “Of Matter And Spirit” que acompanhamos esta viagem espiritual pelas suas origens, onde os mantras pop que produz nos desafiam a descobrir o não visível, balanceando-nos entre paisagens sonoras industriais e ritmos dançantes. Numa resposta ao desafio lançado pelo Tremor, Devi volta a juntar-se a Emile Barret, num espetáculo multidimensional onde música e imagem se encontram.
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“LEVANTADOS DO CHÃO”
Daniel Blaufuks com Catarina Mourão
O multi premiado fotógrafo e videasta Daniel Blaufuks cria o vídeo “A Banda”. Uma banda de música tradicional entra pela porta do Hotel Monte Palace na Ilha de São Miguel e percorre os seus vários espaços em ruínas entoando uma marcha. Os espaços são os do lobby, da sala de refeições, a escada, os corredores, os quartos. Os planos gerais serão complementados por grandes planos ou retratos dos músicos, assim como planos dos quartos, papéis de parede, cortinas rasgadas, etc. A música da banda ouvir-se-a à sempre ao fundo.
O Hotel Monte Palace é um dos espaços mais icónicos na Ilha de São Miguel. Situado na Vista do Rei das Sete Cidades, é um hotel de 5 estrelas que esteve aberto somente durante um ano. Depois de fechado durante décadas, em 2012 foi definitivamente abandonado e totalmente saqueado. Até ao presente, tem sido um espaço aberto ao público e a sua vista privilegiada tem feito do mesmo um dos espaços mais visitados e procurados por turistas na ilha.
No Verão de 2017, foi anunciada a compra do hotel por um grupo de negócios árabe que prevê a construção de um novo equipamento de 5 estrelas a partir do próximo ano, 40 anos depois.
* Parceria com Pico de Refúgio – Casas de Campo, Museu Carlos Machado e a Level Constellation.
NOTAS BIOGRÁFICAS
Daniel Blaufuks
Daniel Blaufuks tem trabalhado na relação entre fotografia e literatura, através de obras como My Tangier com o escritor Paul Bowles. Mais recentemente, Collected Short Stories apresentou vários diptícos fotográficos numa espécie de “prosa de instantâneos”, um discurso baseado em fragmentos visuais, que insinuam histórias privadas a caminho de se tornarem públicas. A relação entre o público e o privado, a memória individual e a memória coletiva tem sido, aliás, uma das constantes interrogações no seu trabalho.
Utiliza principalmente a fotografia e o video, apresentando o resultado através de livros, instalações e filmes. O seu documentário Sob Céus Estranhos foi apresentado no Lincoln Center em Nova Iorque. Algumas das suas exposições foram no Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Palazzo delle Papesse, Siena, LisboaPhoto, Centro Cultural de Belém, Lisboa, Elga Wimmer Gallery, New York e Photoespaña, Madrid, onde o seu livro Sob Céus Estranhos recebeu o prémio de melhor edição internacional do ano de 2007. Neste ano foi galardoado igualmente com o prémio BES Photo. O seu livro Terezín foi publicado pela editora Steidl, Göttingen.
Em 2011 expõe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e já em 2014 no Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa. Em 2017 ganhou o Prémio AICA-MC Artes Visuais 2016, atribuído pelas exposições Léxico, realizada na Bienal de Vila Franca de Xira, e Tentativa de Esgotamento, realizada na Galeria Vera Cortês, em Lisboa.
Banda Lira das Sete Cidades
Em 1946, nas Sete Cidades, por iniciativa do Padre José Cabral Lindo (1879-1956) foi criada uma Escola de Música. O Padre Lindo, natural desta comunidade, convidou o seu amigo e maestro José Velho Quintanilha (1897-1978) para ministrar o ensino da música nas Sete Cidades. Dois anos depois já estavam criadas as condições para fundar uma Filarmónica, e assim , no dia 11 de abril de 1948, nascia a Banda Lira Sete Cidades. Em 1955, por motivos particulares, deu-se a ida do maestro para Ponta Delgada, o que originou um interregno de 17 anos na vida desta Banda. Contudo, a partir de 1972, Manuel Vitorino de Medeiros lutando contra muitas dificuldades, conseguiu reorganizar esta associação de ensino e de cultivo da música, retomaram-se ensaios e atuações.
Atualmente, sob a direção do presidente José Manuel Avelar e a direção do maestro César Melo, a Banda conta com cerca de 40 músicos, de várias idades e géneros, e uma significativa diversidade instrumental. Ensaia duas vezes por semana, anima o povoado em várias rituais, participa em procissões e noutros eventos musicais.
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RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS
Tír na Gnod | 17 a 23 de março
Tír na Gnod, versão duo dos Gnod com Paddy Shine e Marlene Ribeiro, membros de um coletivo de artistas que se faz esquivar a géneros e estilos pela constante mutação e fidelidade à ideia. São eles os autores 2018 do Tremor Todo-o-Terreno, uma composição para ser ouvida durante uma caminhada por um trilho pedestre na natureza mágica de São Miguel, que se completa ao vivo, no fim do respetivo trilho.
AISHA DEVI | 19 a 25 março