28 DE AGOSTO: CAVALO PENDURADO NO TETO, DO AVESSO
Rodrigo Costa | Semeadores
7 mar. - 18 mai. 2025EXPOSIÇÃO
28 DE AGOSTO: CAVALO PENDURADO NO TETO, DO AVESSO
Rodrigo Costa
07 mar – 18 mai 2025
O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas inaugurou a exposição 28 DE AGOSTO: CAVALO PENDURADO NO TETO, DO AVESSO, de Rodrigo Costa, no passado dia 7 de março.
A exposição é o resultado de um mês em que o artista visual madeirense esteve em residência artística neste Centro de Artes, ao abrigo do projeto Semeadores, uma iniciativa da Câmara Municipal do Funchal em parceria com o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, com o apoio da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC).
Semeadores surge com o objetivo de promover o intercâmbio artístico e cultural para fortalecer uma rede de colaboração entre artistas e agentes culturais de várias regiões ultraperiféricas. Inspirado na emblemática obra “O Semeador”, datável de 1919-1923, do escultor modernista Francisco Franco (1885-1955), este projeto sublinha a mobilidade e o intercâmbio como impulsos determinantes para a criação, experimentação e apreciação das artes.
O protocolo de cooperação entre o Município do Funchal e o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas é uma das concretizações desse objetivo e integra o eixo “Interterritorial”, que se propõe estabelecer relações entre as práticas artísticas desenvolvidas no Atlântico, na Macaronésia, ao proporcionar um intercâmbio entre artistas da Madeira e dos Açores. Este intercâmbio enriquece não só as expressões artísticas locais e o reconhecimento entre os seus pares, mas também promove, de forma mais direta e afetiva, a participação e a fruição pública da arte contemporânea portuguesa produzida nestes territórios.
Vivemos a vida próxima do peito. Levamos – arrastamos – tudo para lá. Que monótona se torna esta atividade, de trazer tudo para próximo, para analisar e dissecar intensivamente. Bonita, mas indubitavelmente penosa e inevitavelmente destrutiva. Sentimos baixo, com força, sentimos no peito, no coração, naquele espaço entre a boca e o ventre. Sentimos com uma ínfima parte do corpo, expressamo-nos com uma ínfima parte do corpo, que o resto fica ali ao desbarato, arrastado. Por isso, quero discorrer sobre castelos, de areia.
A construção de um “castelo” permite a expansão de movimentos e de ação, permite empilhar e desempilhar – desempecilhar – as formas e reformas que nos passam pelos olhos e que não conseguimos captar de imediato. É uma reflexão de um reflexo, rápido e fugaz, que tentamos uma e outra vez erguer. É uma revolta controlada, uma revolução que segue vários rumos e altera um espaço e muda o ar, a sua direção e intenção. O “castelo” é um bloco, um espaço de proteção e de suspensão do tempo, uma imersão numa realidade/unidade acolhedora que é quente e nos mantém seguros, isolados do mundo exterior. Quem diz castelo, diz casa, quem diz casa diz corpo e quem diz corpo diz alma, diz razão, diz certezas, diz teimosias, diz trejeitos, diz ideais e diz tanto mais.
Cinco “fases” tidas como essenciais à atividade em estudo – a viagem, o apoitar (estender as toalhas e enterrar os guarda-sóis), o aquecimento/preparação (alongamentos necessários), o clima / o material e a destruição (natural e humana) –, informam e moldam expressões criativas que pretendem ocupar espaço numa “caixa de areia” metafórica em que todos os visitantes são incentivados a brincar.
NOTA BIOGRÁFICA
Rodrigo Costa (1999, Funchal) é um artista visual focado nos conceitos de brincadeira e infância aplicados ao dia-a-dia. Utilizando meios como a pintura, a escultura, a performance, o vídeo e a instalação, ele dedica-se à criação de objetos e situações marcadamente “amadores” e “DIY” que incentivam à autorreflexão e mudança de comportamentos sociais. Em 2020, licenciou-se em Belas Artes (BA (Hons) in Fine Art – First Class) pela Coventry University, no Reino Unido, trabalhando agora também como curador e produtor cultural, em projetos como a anona – galeria de arte juvenil (entre 2021 e 2023) e FRESH CONTEMPS – Artes Visuais (entre 2022 e 2024). Expõe de forma regular, colaborando simultaneamente com Câmaras Municipais e com o Governo Regional em projetos de arte pública. De momento, faz ainda parte das Comissões de Acompanhamento da DGArtes.
@rcalcos_art (Instagram)
A Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC) afirma-se como uma estrutura que reúne toda a criação e produção de arte contemporânea portuguesa e que apoia artistas e criadores, bem como dinamizadores públicos e privados; tal como potenciadora da divulgação nacional e internacional dos artistas e criadores portugueses e das diferentes coleções públicas e privadas existentes em Portugal.