Nos Açores, nasceu ontem um Arquipélago de nove mil metros, dedicado à arte contemporânea, que irá privilegiar as residências artísticas. Primeira exposição chega em maio.
Há desde ontem um Arquipélago de nove mil metros quadrados dentro das nove ilhas do arquipélago dos Açores. O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas abriu as portas, ainda com as enormes salas aparentemente vazias. Uma fábrica de álcool e, mais tarde, de tabaco na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, deram espaço a um edifício totalmente recuperado, onde domina o basalto e o betão. Ainda não tinha sido inaugurado e já estava na short-list de 40 finalistas do prémio Mies van der Rohe de arquitetura. Abriu sem obras de arte para apresentar: a obra é, para já, o edifício. E tem muito que fruir, mesmo no vazio dos enormes espaços industriais agora dedicados 100% à cultura.
A ideia dos arquitetos – João Mendes Ribeiro e a dupla do atelier Menos É Mais Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos – foi recuperar ao máximo o existente. Os edifícios onde antes se destilava álcool, secava e tratava tabaco foram trabalhados para renascer. Mas com o duplo desafio de expor arte contemporânea e adaptar o existente aos preceitos desta nova vida: construção antissísmica e toda a rede técnica que um centro de arte exige. “A nossa intervenção parte de uma relação que nos persegue, da tecnologia com a nostalgia”, acentuou o arquiteto Francisco Vieira de Campos.