Ciclo de Concertos
Carta Branca à
Marca Pistola

Blackbox

5, 12 e 26 de nov 2021

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Ciclo de Concertos no Arquipélago

Carta Branca à Marca Pistola

5, 12 e 26 de novembro 2021

21h30

Blackbox

 

26 nov 2021 | 21h30

WE SEA

Apresentação do disco ‘Cisma’

 

Ingresso | 5 euros – bilhetes à venda no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas

O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas convidou a editora Marca Pistola para desenvolver um ciclo de concertos para a sua Blackbox. Em resposta a editora “made in Azores” que se propõe conjugar vários tempos, trabalhando o passado e o presente para criar um futuro para a música açoriana, desenhou um ciclo de três concertos.

 

5 nov 2021 | P.S. LUCAS TRIO

Apresentação do disco ‘In Between’

Convidado Luís Senra

 

12 nov 2021 | RICARDO MARTINS

Tour do disco ‘Incerteza Absoluta’

 

26 nov 2021 | WE SEA

Apresentação do disco ‘Cisma’

 

Pedro Lucas

Pedro Lucas nasceu na ilha do Faial nos Açores em 1985 e fez parte de uma geração de jovens músicos portugueses que se envolveram na revitalização da música tradicional. Lançou dois discos com o projecto O Experimentar Na M’Incomoda, homónimo (2010) e 2: Sagrado e Profano (2012). Em 2014, juntamente com o veterano Carlos Medeiros, deu início a Medeiros/Lucas, uma aventura músico-literária que editou uma trilogia discográfica entre 2015 e 2018 – Mar Aberto, Terra do Corpo e Sol de Março. Os dois últimos fruto de uma colaboração com o escritor açoriano João Pedro Porto (Quetzal). Foi responsável pelo espectáculo de abertura do Festival Silêncio 2017, musicando e adaptando o texto “Os velhos Também Querem Viver” de Gonçalo M. Tavares.

Em 2021 lançou o seu primeiro trabalho a solo ”In Between” com o apoio da Fundação GDA. Assinando como P.S. Lucas aventura-se pelo universo da escrita e por abordagens mais despidas à guitarra. Ao longo do seu percurso já colaborou com músicos de diferentes quadrantes, entre os quais Zeca Medeiros, Selma Uamusse, Mitó Mendes (A Naifa, Señoritas), Carlão, Tó Trips, Filho da Mãe, Carlos Barretto ou Carlos Guerreiro (Gaiteiros de Lisboa).

Lucas completou o 5o grau de guitarra clássica pelo Conservatório Regional da Horta e os cursos técnicos de Produção e Marketing de Música e Técnico de Som na escola Restart em Lisboa. Na Dinamarca, onde viveu de 2009 a 2016, terminou uma licenciatura em Estudos Artísticos pela Universidade Aberta portuguesa e um mestrado em Ciência da Informação e Estudos Culturais pela Universidade de Copenhaga.

 

Ricardo Martins

Com uma vasta lista de bandas e colaborações no passado e no presente (Lobster, Papaya, Jibóia, Pop Dell’Arte, entre outros), Ricardo Martins tem procurado o futuro da sua música desdobrando-se a solo nos últimos anos. Desdobra o ano de 2017 (no qual em cada mês compõe, grava e edita um tema), e reúne os doze em Furacão (Jeff, 2018), peça duracional de exploração não só rítimica mas também melódica, em crescente vendaval de Janeiro a Dezembro. Desdobra-se em composições musicais para diversas peças de teatro como Nós Matámos o Cão Tinhoso, A Casa de Bernarda Alba e Diário de um Migrante (Companhia JGM) ou A praça dos Hérois (com encenação do David Pereira Bastos) enquanto vai construíndo nas suas aparições ao vivo um caminho cada vez mais abrangente, com a bateria a desdobrar-se em algo maior, mais vasto, sempre mais exploratório e nunca menos visceral.

Pelo meio desse caminho cria SILVAR. Fugas, furacões, festas e fogos de artifícios sempre criados em relação próxima entre Ricardo e diferentes grupos e que vai materializar em bruto o que vem assobiando na cabeça do músico lisboeta.

 

We Sea

Conta-se que algures num serão noventeiro insular, um 7-polegadas do Vapor da Madrugada dos Rimanço foi metido a rodar num gira-discos mas que, por descuido do utilizador, foi reproduzido com a velocidade desacelerada. Em torno desta nova visão do tema, de ritmo lentificado e com a voz mais encorpada, formou-se um apego obsessivo pelo glitch melancólico, uma autêntica cisma, que deu origem a todo uma nova estética musical. Depois de um ano de 2019 em que a banda bateu pé em não dulcificar o seu registo, deixar um projeto como os WE SEA a maturar durante quase dois anos acarreta o risco de que algumas texturas inerentes do som da banda ficassem perdidas em combate em prol de outras, mas no caso de Cisma (2021), foi conseguida uma proeza surpreendente – o disco não perde a essência de Basbaque (2019) mas ao mesmo tempo está mais dançável (em músicas como “Seja como For” ou “Perdido Por Mil”) e as letras mais cruas e viscerais (Altivez). São versos que soam como se tivessem sido rabiscados num caderno respingado de mar, escritos por um cancioneiro sentado num calhau que teve de levar como música de fundo a seleção pessoal de álbuns de um disc jockey nostálgico a passar som numa esplanada de praia. É um disco que a cada needle drop parece dar indícios descoincidentes do que é que vamos ouvir: é um disco de baladas, gostos e desgostos? Um tributo pop lavado em auto-tunes e referências kitsch? Uma demo tape de sons de banda sonora em 8 bit de uma pérola de videojogo que morreu na praia? Um compêndio palavroso de alusões literárias que ao mesmo tempo é apontado como simultaneamente demasiado erudito ou demasiado cordel? E mais ainda, alguém com um ouvido afinado para a “etnomusicalidade” seria o primeiro a querer a apontar que o verdadeiro sabor do disco está nas influências insulares que lá estão metidas: desde um título homônimo de uma música de Zeca Medeiros (Torna-viagem), a uma secção de coros que bem poderia estar em competição num Festival da Canção em meados de ‘86.’

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