Exposição
“TEMPO LÍQUIDO
Um diálogo de vídeos das coleções
Maria & Armando Cabral
e Cal Cego.”
29 abril a 30 julho
De terça a domingo | 10h -18h
(PT)
TEMPO LÍQUIDO
Um diálogo de vídeos das coleções de Maria & Armando Cabral e Cal Cego.
Tempo líquido é a primeira grande exposição dedicada exclusivamente ao vídeo no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, apresentando trabalhos de catorze artistas internacionais que refletem e questionam este «tempo líquido», uma expressão cunhada pelo sociólogo Zygmunt Bauman (1925–2016), recentemente falecido. Bauman teorizou sobre a passagem de uma modernidade «sólida» para uma «líquida», na qual tudo está continuamente em movimento e onde as formas e convenções passam a ser temporárias, passageiras e obsoletas. Um mundo contemporâneo altamente digitalizado e em transformação constante, no qual nada permanece e tudo se metamorfoseia sob a ação de um fluxo de informação incessante. Um panorama dominado pela globalização, pela temporalidade, no qual a desigualdade foi convertida na nossa atual sociedade de bem-estar.
A exposição reúne catorze vídeos, ecos de décadas distintas da nossa sociedade em mutação, traçando um percurso através desta viragem de século que temos vivido.
Nos anos oitenta aumentam as tensões da Guerra Fria, crescem as sombras da ameaça nuclear e fixam-se as bases para a economia neoliberal. Este período é representado por duas obras icónicas: o famoso filme de Peter Fischli & David Weiss, que recorre ao encadeamento contínuo de reações casuais entre diversos objetos, e a peça de Bruce Nauman, que mostra como uma brincadeira pode degenerar numa espiral de violência. A década de 1990 foi marcada pela queda do comunismo e pela influência da tecnologia, da cultura e da música na nossa sociedade. Muntadas apresenta a análise do gesto como símbolo de poder, enquanto Doug Aitken coreografa o isolamento da juventude nas grandes cidades.
O primeiro decénio do século XX é assinalado pela «guerra contra o terrorismo», pela grande crise económica, pela ascensão da América Latina e pela implantação massiva da internet, dos telemóveis e dos jogos de consola, que implicam uma mudança radical nas relações sociais. Nesta década testemunha-se um grande incremento na utilização dos meios audiovisuais entre as novas gerações de artistas, que aqui são representadas por Alicia Framis, que dirige uma greve secreta dentro de um banco; Bestué & Vives, com ações domésticas que questionam a forma como entendemos a vida; Ignacio Uriarte, entre a ordem e a desordem, apresenta-nos todas as possibilidades de um arquivo; Douglas Gordon dá-nos a imagem da precariedade de um elefante, símbolo da memória, deitando-se e levantando-se; Cory Arcangel, que cria um dos seus primeiros Self-Playing games utilizando uma PlayStation manipulada; Nuno Cera e o assassinato simbólico de um dos edifícios mais icónicos e representativos do Modernismo e dos seus valores; e Rui Toscano Rui Toscano com a sua recriação no formato de animação sonora do crescimento e ascensão das principais cidades brasileiras.
Chegados à nossa presente década, continuamos a arrastar o espectro da crise económica, testemunhamos a transformação política e social que ocorreu nos países árabes, amplia-se a crise dentro da União Europeia e as novas tecnologias continuam a produzir grandes mudanças nas nossas relações laborais, sociais e culturais. Neste contexto, João Onofre apresenta-nos uma metáfora da solidão atual dos indivíduos, e André Romão recorda-nos os malogros do nosso passado histórico.
Todas as obras da exposição pertencem a duas coleções da península ibérica. De um lado, a coleção CAL CEGO. Colección de arte contemporáneo de Barcelona, que é constituída pelo património de Roser Figueras e Josep Inglada, que iniciaram a sua coleção em 2006 com a assessoria de Montse Badía. Do outro lado, a coleção portuguesa de Maria e Armando Cabral, que colecionam arte portuguesa e internacional desde 2006.
Carolina Grau
(ES)
TIEMPO LÍQUIDO
Un diálogo de vídeos de las colecciones de Maria & Armando Cabral e Cal Cego.
Tiempo líquido es la primera gran exposición dedicada exclusivamente a vídeos en Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas. Presenta trabajos de catorce artistas internacionales que reflejan y cuestionan este “tiempo líquido”, expresión acuñada por el sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2016), recientemente fallecido. Bauman definió el tránsito de una modernidad “sólida” a una “líquida”, en la que todo está en continuo movimiento, donde las formas sociales y acuerdos pasan a ser temporales, pasajeros y obsoletos. Un mundo contemporáneo sumamente cambiante y digitalizado, en el que nada permanece, que se transforma constantemente por el incesante flujo de información. Un panorama dominado por la globalización, por la temporalidad, y donde la desigualdad se ha convertido en nuestra actual sociedad del bienestar.
La exposición reúne catorce vídeos que reflejan distintas décadas de nuestra sociedad cambiante, trazando un recorrido por el cambio de siglo que hemos vivido.
En los años ochenta aumentan las tensiones de la Guerra Fría con la creciente sombra de la amenaza nuclear, y se asientan las bases de la economía neoliberal. Este período está representado con dos obras icónicas: la famosa película de Peter Fischli & David Weiss, que recoge el continuo encadenamiento de reacciones casuales entre diversos objetos, y la pieza de Bruce Nauman que muestra cómo una broma se transforma en una espiral de violencia. En la década de los noventa esta marcada por la caída del comunismo y el hito de la tecnología, la cultura y la música en nuestra sociedad. Muntadas presenta el análisis del gesto como símbolo de poder, y Doug Aitken coreografía el aislamiento de la juventud en la gran ciudad.
El primer decenio del siglo XXI viene señalado por “la guerra contra el terrorismo”, la gran crisis económica, el ascenso de América Latina y la implantación masiva de internet, teléfonos móviles y juegos de consola, que suponen un cambio radical en las relaciones sociales. En esta década se produce un auge en la utilización de medios audiovisuales por parte de las nuevas generaciones de artistas, representadas aquí por Alicia Framis, que lleva a cabo una huelga secreta dentro de un banco; Bestué & Vives, con acciones domésticas que cuestionan nuestra forma de percibir la vida; Ignacio Uriarte, que mediante el orden y el desorden nos presenta todas las posibilidades de un archivo; Douglas Gordon y su imagen de la precariedad de un elefante, símbolo de la memoria, al echarse y levantarse; Cory Arcangel, que crea uno de sus primeros Self-Playing games utilizando una playstation manipulada; Nuno Cera y el simbólico asesinato de uno de los edificios más icónicos y representativos del Modernismo y de sus valores; y Rui Toscano, con una recreación en animación sonora del crecimiento y ascenso de las grandes urbes brasileñas.
Hoy en día, en la década actual seguimos arrastrando la crisis económica, hemos presenciado la transformación política y social de los países árabes, se ha incrementado la crisis dentro de la Unión Europea, y las nuevas tecnologías continúan produciendo grandes cambios en nuestras relaciones laborales, sociales y culturales. En este contexto, João Onofre nos presenta una metáfora de la soledad actual de los individuos, mientras André Romão nos recuerda lo fallido de nuestro pasado histórico.
Todas las obras de la exposición proceden de dos colecciones de la península ibérica: por un lado, la colección CAL CEGO. Colección de arte contemporáneo de Barcelona formada por el matrimonio Roser Figueras y Josep Inglada, que empezaron a coleccionar en el 2006 bajo el asesoramiento de Montse Badía. Por otro, la colección portuguesa de Maria y Armando Cabral, que llevan desde el año 2006 coleccionando arte portugués e internacional.
Carolina Grau
(EN)
LIQUID TIME
Video works from the collections of Maria & Armando Cabral Collection and Cal Cego.
Liquid Time is the first large exhibition exclusively focused on video in the Arquipélago — Contemporary Art Center. The show presents works by fourteen international artists that reflect upon and question this “liquid time,” an expression coined by the sociologist Zygmunt Bauman (1925–2016), who died recently. Bauman has theorized upon the change from a “solid” to a “liquid” Modernity, in which everything is fluid and where forms and conventions become temporary, short-lived, and obsolete. A highly digitized and continually changing contemporary world where nothing remains and everything is permanently changed by a never-ending flux of information. A landscape dominated by globalization, by temporality, in which inequality has replaced our welfare society.
The exhibition comprises fourteen videos that reflect different decades of our changing society, tracing a journey through the turn of the century we have experienced in our lives.
The 1980s were characterized by a rise in the tensions of the Cold War under the growing shade of the nuclear threat, and by the laying out of the foundations for a neoliberal economy. This period is represented by two iconic works: the famous film by Peter Fischli & David Weiss, a continuous chain of casual relations between various objects, and Bruce Nauman’s piece, that shows us how a simple prank can degenerate into a spiral of violence. The 1990s were marked by the fall of communism and by the influence of technology, culture, and music in our society. Muntadas presents an analysis of the gesture as a symbol of power, while Doug Aitken choreographs the isolation of the youth in the big cities.
The first decade of the new century is defined by the “war against terrorism,” by the economic crisis, by the rise of Latin America, and by the generalization of the internet, of mobile phones and computer games, which have brought radical changes to our social relations. Throughout this decade, we will witness a boom in the use of audiovisuals among the newest generations of artists, which are here represented by Alicia Framis, who carries out a secret strike inside a bank; Bestué & Vives, with domestic actions that question the way we perceive our lives; Ignacio Uriarte, who, between order and disorder, confronts us with all the possibilities of an archive; Douglas Gordon and his image depicting the fragility of an elephant, the symbol of memory, playing dead and getting up; Cory Archangel, who creates one of his first Self-Playing games using a hacked PlayStation; Nuno Cera and the symbolic assassination of one of the most iconic buildings of Modernism and of its values; and Rui Toscano, with his recreation of the growth and rise of the main Brazilian cities in the format of a sound-animation.
In our present decade, still carrying the brunt of the economic crisis, we witness the political and social transformations rocking the Arab countries, we see the European Union plunge deeper into its crisis, all this while new technologies keep introducing dramatic changes into our society, culture, and labor relations. In this context, João Onofre offers us a metaphor of the loneliness of the contemporary individual, while André Romão reminds us of the failures of our historical past.
All the artworks in the show belong to one of these two collections, from Spain and Portugal: the collection CAL CEGO. Colección de arte contemporáneo, Barcelona, which was created by Roser Figueras and Josep Inglada, who started collecting art in 2006 under the advice of Montse Badía; and the collection of Maria and Armando Cabral, who started collecting Portuguese and international art in 2006.
Carolina Grau
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