Artistic Residencies
Terra Incógnita
Exhibition
Opening
28 July6 August 16h00
EXPOSIÇÃO
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA TERRA INCÓGNITA
O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, através de um open call nacional e internacional, selecionou três artistas para residirem um mês, cada um deles nas ilhas de São Miguel, Terceira e Flores. O objectivo da Residência Artística “Terra Incógnita” é o desenvolvimento de um trabalho artístico tendo como referências o contexto histórico, social, cultural, económico e geográfico. Foram fornecidas informações iniciais e de contextualização funcionando como ponto de partida para uma investigação que os artistas desenvolveram no decorrer das suas Residências. João Gigante, nas Flores, Mauro Cerqueria, na Terceira, e Patrícia Dauder, em São Miguel.
Inauguração
28 de julho | PATRÍCIA DAUDER
6 de agosto | JOÃO GIGANTE E MAURO CERQUEIRA
Patricia Dauder
28 de julho a 3 de setembro
Apresentamos uma seleção de novos desenhos de Patrícia Dauder, realizados durante a Residência Artística Terra Incógnita, na ilha de São Miguel. Este corpo de trabalho faz-nos pensar sobre o tempo, sobre a ideia de espaço e sobre a história marítima das ilhas açorianas.
Os seus desenhos são o resultado de longos processos de trabalho e de uma observação atenta do seu ambiente. Sojourn (Morar), 2017, reflete a sua estadia nos Açores através das suas representações do céu noturno da ilha, que executou diariamente, evocando as antigas técnicas de navegação que se baseavam na observação dos astros. Dauder sempre se interessou pela cultura marítima e seu entorno e, nos seus passeios diários pela praia de Santa Bárbara, observou todos os elementos da paisagem, dos mais imediatos, os materiais rejeitados pelo mar na areia, até à mais longínqua das linhas de horizonte. A Sailor’s Dream (O sonho de um marinheiro), 2017, consiste num pau de madeira encontrado naquela praia e camadas de pano de musselina pintadas com pigmentos que, quando sobrepostas, criam uma imagem vaga, talvez de uma possível terra remota.
No seu desenho Formas (Açores), 2017, podemos identificar o interesse de Dauder pela mundo físico, pelo orgânico, mas também por uma ideia da fragmentação das formas. Apresentando-nos um microcosmo de múltiplas associações e iconografias de coisas que talvez possamos, ou não, reconhecer, como um léxico abstrato construído pela artista sobre memórias fragmentadas, literárias, históricas, mas também sobre a sua experiência recente nesta ilha.
Nos últimos anos, a artista tem trabalhado diferentes processos de transferência de imagens. Esta mudança de registos está presente nos rastos de descolorações, marcas e camadas. Um processo semelhante foi utilizado no díptico Talhos, 2017, que abstratiza detalhes de duas imagens fotográficas da industria da baleação para nos revelar aquilo que é essencial e abstrato numa forma. Em Monument (Monumento), 2017, Dauder desdobra, amplia e sobrepõe uma imagem para nos mostrar uma forma e o espaço que ela ocupa. Os seus processos são repetitivos e monótonos, refazendo o que está feito, aplicando camadas para logo as apagar. Em Sem título, 2017, pintou de negro um desenho colorido já existente num processo de regresso ao desenhar, para voltar a descobrir o desenho apagando o negro e revelando assim pontos de claridade.
Os seus desenhos são processos lentos de adicionar e remover, aplicar e apagar, fundo e forma, claro e escuro, elementos que estão sempre presentes na sua obra. Esta seleção inclui também uma escultura anterior Broken Waves Detachment, 2010, que é composta por vários fragmentos pendurados no teto, como se representassem uma onda pendendo do céu, reproduzindo o espaço vazio do movimento do mar.
Nota biográfica
“O estudo e a experimentação da forma, da matéria e da estrutura são os meios através dos quais entendo, interpreto e projeto ideias e sensações sobre o tempo e o espaço. As imagens e formas que aparecem nos desenhos, as películas, os tecidos, as esculturas e as fotografias são o resultado de processos de trabalho longos nos quais estabeleço um diálogo entre a observação direta do mundo e a abstração das perceções sobre aquilo que está presente e aquilo que é ausente, resíduos e traços na natureza e elementos artificiais.”
Patricia Dauder (nascida em 1973, Barcelona, Espanha) vive e trabalha em Barcelona. Licenciada em Belas Artes pela Escola de Belas Artes de Barcelona (1996), obteve o seu mestrado nos Ateliers Arnhem, na Holanda (1997-98). Teve exposições individuais em LOOP Edifici Peral, Hospitalet, Espanha (2016); Museo de Arte Contemporánea de Vigo, Espanha (2015); ProjecteSD, Barcelona, Espanha (2015, 2012, 2010, 2007, 2005, 2003); Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, Porto, Portugal (2012); Galerie Van der Mieden, Amberes, Bélgica (2012); Aanant & Zoo Gallery, Berlim, Alemanha (2011); Navio Vazio, Porto, Portugal (2010); Art Statements / Art Basel 09, Basileia, Suíça (2009) e Espai Zero, Fundació Suñol, Barcelona, Espanha (2009).
Entre as exposições coletivas nas quais participou destacam-se: D’obra. Ceràmica aplicada a l’arquitectura, Museu del Disseny, Barcelona, Espanha (2016); Desires and Necessities. Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha (2015); Villa Toronto, Union Station, Toronto, Canadá (2015); La construcción social del paisaje, Centro Andaluz de Arte Contemporáneo, Sevilha, Espanha (2014); New Eyes For New Spaces, International Studio & Curatorial Program, Brooklyn, EUA (2013); The Perpetual Interview, Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves, Porto, Portugal (2013); Object Fictions, James Cohan Gallery, Nova Iorque, EUA (2012); Lugares en pérdida, Centro Huarte de Arte Contemporáneo, Huarte, Espanha (2012); Art situacions, Artium, Vitoria-Gasteiz, Espanha (2012); Test Transmission, Artspace, Auckland, Nova Zelândia (2011) e 1979, La Virreina-Centre de la Imatge, Barcelona, Espanha (2011).
João Gigante
6 de agosto a 3 de setembro
O ARQUÉTIPO DA FORMA
O território e a sua tipologia, desenvolvem um conjunto de conceitos que nos permitem percepcionar aquilo que é a criação de limites, linhas, formas e contrastes, definindo-se novas camadas de leitura. É nesta constante reformulação conceptual e visual que o projecto se desenvolve.
No processo de residência foi realizada uma viagem para a ilha mais ocidental do arquipélago dos Açores, a ilha das Flores. É nesta viagem que se entende que a investigação, que já vinha a realizar anteriormente sobre o território e a fronteira, cria um olhar mais atento a conceitos que existem pelo primeiro contacto com este tipo de território. Esta ilha fez com que se abrissem novas perspectivas sobre o conceito de fronteira, os limites: o “bloqueio físico”. É dentro destes diferentes aspectos que se inicia a construção de um trabalho sobre o lugar em causa.
Despindo o contexto de um arquivo fotográfico da erupção de um vulcão, inicia-se a narrativa visual, através de detalhes das nuvens de fumo. Na abstratização destas formas encontro a alavanca para a construção de um conjunto de imagens que pensam as camadas do território e a sua construção. Assim, o projecto debate-se pela viagem na ilha, o encontro com o “centro” e a determinação visual do que é esta viagem. Rompendo uma estrutura rigorosa e lógica destes conceitos, metaforiza-se a forma de como o nosso olhar pode encontrar uma nova percepção das camadas e linhas que desenham o próprio território. Não sendo uma viagem possível fisicamente, as imagens e a sua sequência pretendem formular a narrativa do autor, o conceito de reconstrução da viagem.
Se até ao momento da residência o conceito de fronteira se baseava no “trespasse de uma linha”, agora a leitura sobre este conceito adquire um maior número de relações e codificações que me permitem encontrar, na forma da ilha, a “revelação” do que pode ser um bloqueio físico, que se transforma numa relação real e visual do que é a fronteira. Um território que se constrói e se deixa reconstruir, uma viagem pelas camadas visuais de um lugar que se deixa transformar e metaforizar.
João Gigante
Nota biográfica
João Gigante, natural de Viana do Castelo, é licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes do Porto e realizou o Mestrado em Comunicação Audiovisual (Fotografia) na Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto. Mantém o seu percurso entre a prática das artes plásticas,tendo exposto o seu trabalho em diversas exposições no panorama artístico nacional e internacional e a prática de produção e organização de eventos e projetos artísticos e a projeção e organização de projectos de nível social e etnográfico, mantendo a sua característica artística e conceptual.
O seu trabalho complementa as diferentes áreas de actuação plástica, como a fotografia, o vídeo, a sonoplastia, a instalação e o desenho. Desenvolve também projectos de cariz musical onde se destaca PHOLE e o projecto sonoplástico ARAME (com Miguel Arieira). É também, fundador e director da Revista PARASITA (com Hugo Soares).
Mauro Cerqueira
6 de agosto a 3 de setembro
Vida Ruína
O trabalho de Mauro Cerqueira consiste em várias colunas de cartão prensado, nas quais o artista desenhou com esferográfica. Desenhos de fragmentos de corpos, sangue, lágrimas, facas, correntes, e outros, lembram o observador de uma decadência interior, de uma contínua luta com o eu – retratado como um nu e uma vítima obscena.
Através da escolha dos materiais e do tema, e ao olharmos o trabalho, o mundo que nos rodeia parece tornar-se num mito que não só é identificável com a vida mas com a perda desta – com degradação e morte. Como resultado, imagens de mortalidade e vulnerabilidade transformam-se no leitmotiv que conduzem a várias associações com a angústia primordial da alma colectiva.
“Através da perda os homens podem recuperar o movimento livre do universo, podem dançar e rodopiar com uma embriaguez tão libertadora como a dos grandes enxames de estrelas mas, com o violento dispêndio que assim fazem de si mesmos, forçam-se a reparar que respiram no poder da morte.”
O Ânus Solar, George Bataille
Mauro Cerqueira
Nota biográfica
Mauro Cerqueira (Guimarães, 1982) vive e trabalha no Porto, Portugal. Licenciado em Artes/ Desenho pela ESAP – Extensão Guimarães. O seu trabalho foi apresentado na Galeria Múrias Centeno, Porto / Lisboa; Galeria Heinrich Ehrhardt, Madrid; Institute for New Connotative Action, Seattle; David Dale Gallery, Glasgow; Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto; Künstlerhaus Bethanien, Berlim; Museu de Arte Contemporânea de Vigo; Kunsthalle Lissabon, Lisboa; Galeria Casa Triângulo, São Paulo; entre outros. Residência artística na Rauschenberg Foundation em Captiva Island, Florida, (2013), Kunstlerhaus Bethanien, Berlin (2011). Com André Sousa gere, desde 2008, o espaço Uma Certa Falta de Coerência.
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