INAUGURAÇÃO DAS INSTALAÇÕES PERFORMANCES
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
SALUTEM: à tua saúde

16 e 18 de junho

For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

INAUGURAÇÃO DAS INSTALAÇÕES PERFORMANCES

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA SALUTEM: à tua saúde 

O Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, através de um open call nacional, selecionou dois artistas para a Residência Artística Salutem: à tua saúde, que pretende cruzar as artes, com a medicina, a ciência com o conhecimento, tendo como principal cenário a sociedade contemporânea, não esquecendo a realidade e a identidade do Arquipélago dos Açores. A curadora espanhola Carolina Grau foi convidada para desenvolver em conjunto com o Arquipélago esta Residência Artística, acompanhando os artistas durante toda a criação e produção.

Ana Nobre e Hugo Paquete foram os artistas seleccionados para desenvolverem esta residência de 3 meses no Hospital do Divino Espírito Santo em Ponta Delgada, que pretendeu criar um laboratório VIVO de arte, criação, saúde e inovação.

No dia 16 de junho Hugo Paquete apresenta pelas 21h30 no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas a instalação performance Zoe: Actant, e Ana Nobre, dia 18 de junho, na Igreja do Colégio em Ponta Delgada apresenta Mapa da Vida, às 18h00.

 

Zoe: Actant de Hugo Paquete

16 junho | 21h30 | Oficina de escultura do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas

http://hugopaquete.tumblr.com/post/160679101340/intermedia-performance-preview-zoe-actant-hugo

ZOE: ACTANT

A obra é desenvolvida em torno de conceitos como; limite, interação, imprevisibilidade, cultura e atuante na extrapolação dos imaginários científicos e técnicos retirados do contexto da residência artística. Interpretados numa abordagem performativa, onde sons, imagens, gestos e objetos recolhidos no hospital ou recriados, emergem num sistema de relações generativas potencializadas pela tecnologia computacional. Que nos remetem para o espaço técnico do diagnóstico como meio de intermediação dos campos de representação e de potencial estético. A contingência da obra é construída como recurso a fenómenos visuais e sonoros intangíveis, como gravações dos campos electromagnéticos dos equipamentos hospitalares, variações de luminosidade do edifício convertidas para som em tempo real, com recurso a painéis solares no contexto da performance e imagem proveniente da tecnologia médica hiperóptica e hipersónica. Desvendando eventos, sonoros, luminosos e atuantes, como vírus e bactérias que se encontram num estado de imanência e desaparecimento, que só podem ser revelados pela mediação das tecnologias gerando transformações, efeitos e reações que irrompem pela nossa consciência e que se contextualizam também como elementos implicados na cultura. Construindo um espaço de imersão e subjetividade científica onde os espetadores como atuantes ativam a obra como pertencentes a um sistema de interdependências. Os eventos sonoros emergem neste sistema como elementos granulares minimais que num processo alegórico vão-se multiplicando como as bactérias, acompanhados de pequenos music scores, de composição orientada para objetos, que remetem para a memória de situações sonoras do hospital. Este material vai sendo interpretado ao vivo, estando em constante hibridação pela aplicação do gesto performativo, tecnologia aplicada e interação do público como atuante, catalisador no interior de um sistema vivo e imprevisível. Sendo a soma de todas estas interações o diagnóstico experimental.

Hugo Paquete

 

Mapa da Vida de Ana Nobre

18 junho | 18H00 | Igreja do Colégio, Ponta Delgada

 

MAPA DA VIDA

Mapa da Vida é uma acção performativa que apresenta duas peças (caddie e HDES) resultantes do processo de trabalho da artista, no/com o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, durante três meses. Este processo realizado em ateliê aberto, no espaço do Hospital, foi também encarado como performance.

Caddie e HDES são dois panos de grandes dimensões, realizados com tecidos hospitalares para abate — material transversal a quase toda a estrutura hospitalar — contentores das marcas dos corpos, dos seus fluidos, do seu manuseamento; apresentam o que foi (noema da fotografia/Roland Barthes), mas também o que está sendo (a manipulação do material pela artista, a acção do fruidor participante do ambiente envolvente). Mapas da Vida, onde o real adere sem passar pelo olho da máquina fotográfica.

Com esta fotografia sem câmara (a performance da fotografia) a artista quer contribuir para uma compreensão da realidade assente mais na nossa experiência sensível, corporal, na vivência somática dos fenómenos e menos em imagens (capazes de transformar a realidade na sua sombra). Para que se recupere o mundo das imagens por um lado, e o mundo das coisas por outro, Ana Nobre propõe-nos a obra-vestígio, os desenhos de luz, os desenhos do mundo, onde as imagens são vestígios do real que está sendo.

Não interessa tanto a completude formal da obra, quanto o facto das suas possibilidades estéticas derivarem das relações recíprocas entre objeto, sujeito e o seu ambiente genérico, que derivem dessa reciprocidade do fazer e do fruir artísticos que colocam no mesmo plano sujeito, objecto e ambiente. Mais que os valores de beleza e completude formal – visto que a forma foge em grande medida ao nosso controlo – estão em jogo os valores de vitalidade, o convite à liberdade imaginativa, à fruição da vitalidade do mundo, da physis (vida), e a uma participação estética e eticamente consciente. O convite às sugestões de uma superfície/matéria passível de fixar e gerar imagens e livre de assumir qualquer determinação, fruto da relação entre fruidor, matéria e ambiente envolvente. As imagens geram-se integrando em pleno os vestígios dessas relações recíprocas.

Ana Nobre

 

Back to Calendar of events